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No dia 14 de março comemorou-se o Dia Nacional da Poesia.
A data foi escolhida por marcar o nascimento de Castro Alves no ano de 1847.

Fera ferida

A dupla sabia o que estava dizendo quando a música foi composta. A letra emprega todo o sofrimento quando uma relação é rompida em clima de contenda

Por Roberto Carlos e Erasmo Carlos

Acabei com tudo
Escapei com vida
Tive as roupas e os sonhos
Rasgados na minha saída

Mas saí ferido
Sufocando meu gemido
Fui o alvo perfeito
Muitas vezes no peito atingido

Animal arisco
Domesticado esquece o risco
Me deixei enganar
E até me levar por você.

Eu sei
Quanta tristeza eu tive
Mas mesmo assim se vive
Morrendo aos poucos por amor

Eu sei
O coração perdoa
Mas não esquece à toa
E eu não me esqueci.

Eu andei demais
Não olhei pra trás
Era solto em meus passos
Bicho livre, sem rumo, sem laços

Me senti sozinho
Tropeçando em meu caminho
A procura de abrigo
Uma ajuda, um lugar, um amigo

Animal ferido
Por instinto decidido
Os meus rastros desfiz
Tentativa infeliz de esquecer.

Eu sei
Que flores existiram
Mas que não resisitiram
A vendavais constantes

Eu sei
Que cicatrizes falam
Mas as palavras calam
O que eu não me esqueci.

Não vou mudar
Esse caso não tem solução
Sou fera ferida
No corpo, na alma e no coração.
_____________________________________
Canção interpretada magistralmente por Maria Bethania,
com excelente arranjo musical de cordas (violinos e cellos)


Você nunca está só
Enviada por América Oliveira, Belo Horizonte-MG

Por Olegário Mariano

Você nunca está só. Sempre a seu lado
Há um pouquinho de mim pairando no ar.
Você bem sabe: o pensamento é alado...
Voa como uma abelha sem parar.

Veja: caiu a tarde transparente.
A luz do dia se esvaiu... Morreu.
Uma sombra alongou-se a seus pés mansamente...
Esta sombra sou eu.

O vento ao pôr-do-sol, num balanço de rede,
Agita o ramo e o ramo um traço descreu.
Este gesto do ramo na parede
Não é do ramo: é meu.

Se uma fonte a correr, chora de mágoa
No silêncio da mata, esquecida de nós,
Preste bem atenção nesta cantiga da água:
A voz da fonte é a minha voz.

Se no momento em que a saudade se insinua
Você nos olhos uma gota pressentir,
Esta lágrima, juro, não é sua...
Foi dos meus olhos que caiu...


Vou-me embora pro passado
Enviado por Mário Bomfim, Montes Claros-MG

Poema inspirado na leitura do livro "Memorial de Marco Polo Guimarães", Edições Bagaço; em conversa antiga; e em outros poemas do autor

Por Jessier Quirino, arquiteto por profissão, poeta por vocação, matuto por convicção, de seu livro "Prosa Morena", editora Edições Bargaço, Recife-PE
www.jessierquirino.com.br

 

Vou-me embora pro passado
Lá sou amigo do rei
Lá tem coisas "daqui, ó!"
Roy Rogers, Buc Jones
Rock Lane, Dóris Day
Vou-me embora pro passado.

Vou-me embora pro passado
Porque lá, é outro astral
Lá tem carros Vemaguet
Jeep Willes, Maverick
Tem Gordine, tem Buick
Tem Candango e tem Rural.

Lá dançarei Twist
Hully-Gully, Iê-iê-iê
Lá é uma brasa mora!
Só você vendo pra crê
Assistirei Rim Tim Tim
Ou mesmo Jinne é um Gênio

Vestirei calças de Nycron
Faroeste ou Durabem
Tecidos sanforizados
Tergal, Percal e Banlon
Verei lances de anágua
Combinação, califon

Escutarei Al Di Lá
Dominiqui Niqui Niqui
Me fartarei de Grapette
Na farra dos piqueniques
Vou-me embora pro passado.

No passado tem Jerônimo
Aquele Herói do Sertão
Tem Coronel Ludugero
Com Otrope em discussão
Tem passeio de Lambreta
De Vespa, de Berlineta
Marinete e Lotação.

Quando toca Pata Pata
Cantam a versão musical
"Tá Com a Pulga na Cueca"
E dançam a música sapeca
Ô Papa Hum Mau Mau

Tem a turma prafrentex
Cantando Banho de Lua
Tem bundeira e piniqueira
Dando sopa pela rua
Vou-me embora pro passado.

Vou-me embora pro passado
Que o passado é bom demais!
Lá tem meninas "quebrando"
Ao cruzar com um rapaz
Elas cheiram a Pó de Arroz
Da Cachemere Bouquet
Coty ou Royal Briar

Colocam Rouge e Laquê
English Lavanda Atkinsons
Ou Helena Robinstein
Saem de saia plissada
Ou de vestido Tubinho
Com jeitinho encabulado
Flertando bem de fininho.

E lá no cinema Rex
Se vê broto a namorar
De mão dada com o guri
Com vestido de organdi
Com gola de tafetá

Os homens lá do passado
Só andam tudo tinindo
De linho Diagonal
Camisas Lunfor, a tal
Sapato Clark de cromo
Ou Passo-Doble esportivo
Ou Fox do bico fino

De camisas Volta ao Mundo
Caneta Shafers no bolso
Ou Parker 51
Só cheirando a Áqua Velva
A sabonete Gessy
Ou Lifebouy, Eucalol

E junto com o espelhinho
Pente Pantera ou Flamengo
E uma trunfinha no quengo
Cintilante como o sol.

Vou-me embora pro passado
Lá tem tudo que há de bom!
Os mais velhos inda usam
Sapatos branco e marrom
E chapéu de aba larga
Ramenzone ou Cury Luxo
Ouvindo Besame Mucho
Solfejando a meio tom.

No passado é outra história!
Outra civilização...
Tem Alvarenga e Ranchinho
Tem Jararaca e Ratinho
Aprontando a gozação

Tem assustado à Vermuth
Ao som de Valdir Calmon

Tem Long-Play da Mocambo
Mas Rosenblit é o bom

Tem Albertinho Limonta
Tem também Mamãe Dolores
Marcelino Pão e Vinho
Tem Bat Masterson, tem Lesse
Túnel do Tempo, tem Zorro
Não se vê tantos horrores.

 

Lá no passado tem corso
Lança perfume Rodouro
Geladeira Kelvinator
Tem rádio com olho mágico
ABC a voz de ouro
Se ouve Carlos Galhardo
Em Audições Musicais

Piano ao cair da tarde
Cancioneiro de Sucesso
Tem também Repórter Esso
Com notícias atuais.

Tem petisqueiro e bufê
Junto à mesa de jantar
Tem bisquit e bibelô
Tem louça de toda cor
Bule de ágata, alguidar

Se brinca de cabra cega
De drama, de garrafão
Camoniboi, balinheira
De rolimã na ladeira
De rasteira e de pinhão.

Lá, também tem radiola
De madeira e baquelita
Lá se faz caligrafia
Pra modelar a escrita

Se estuda a tabuada
De Teobaldo Miranda
Ou na Cartilha do Povo
Lendo Vovô Viu o Ovo
E a palmatória é quem manda.


Tem na revista "O Cruzeiro"
A beleza feminina
Tem misse botando banca
Com seu maiô de elanca
O famoso Catalina

Tem cigarros Yolanda
Continental e Astória
Tem o Conga Sete Vidas
Tem brilhantina Glostora
Escovas Tek, Frisante
Relógio Eterna Matic
Com 24 rubis
Pontual a toda hora.

Se ouve página sonora
Na voz de Ângela Maria
"Será que sou feia?
Não é não senhor!
Então eu sou linda?
Você é um amor!..."

Quando não querem a paquera
Mulheres falam: "Passando,
Que é pra não enganchar!"
"Achou ruim dê um jeitim!"
"Pise na flor e amasse!"
E AI e POFE! e quizila
Mas o homem não cochila

Passa o pano com o olhar
Se ela toma Postafen
Que é pra bunda aumentar
Ele empina o polegar
Faz sinal de "tudo X"
E sai dizendo "Ô Maré!
Todo boy, mancando o pé
Insistindo em conquistar.

No passado tem remédio
Pra quando se precisar
Lá tem Doutor de família
Que tem prazer de curar

Lá tem Água Rubinat
Mel Poejo e Asmapan
Bromil e Capivarol
Arnica, Phimatosan
Regulador Xavier

Tem Saúde da Mulher
Tem Aguardente Alemã
Tem também Capiloton
Pentid e Terebentina
Xarope de Limão Brabo
Pílulas de Vida do dr. Ross
Tem também aqui pra nós
Uma tal Robusterina
A saúde feminina.

Vou-me embora pro passado
Pra não viver sufocado
Pra não morrer poluído
Pra não morar enjaulado

Lá não se vê violência
Nem droga nem tanto mau
Não se vê tanto barulho
Nem asfalto nem entulho

No passado é outro astral
Se eu tiver qualquer saudade
Escreverei pro presente
E quando eu estiver cansado
Da jornada, do batente
Terei uma cama Patente
Daquelas do selo azul

Num quarto calmo e seguro
Onde ali descansarei
Lá sou amigo do rei
Lá, tem muito mais futuro
Vou-me embora pro passado.

 


Alvorada
Enviado pelo autor

Por Luiz Alberto Machado, frevo, letra e música
www.luizalbertomachado.com

Venha pegar a alvorada
Na barra do dia
No sol a raiar
Essa mais pura magia
Da nossa folia
Feliz de cantar
 

Venha pegar a alvorada
Na troça vadia
No passo a pular
Venha prá sã fantasia
Sem a pacutia
Ou pantim de chiar

Faça a partir desse dia
A sua sadia vontade de paz
Que a vida tem valia
Se a gente é quem faz.


Sentimento obtuso
Enviado pelo autor, Natal-RN

Por Robério Matos

Meu ser é inundado
Por um sentimento
Que não é meu.

Indecifrável e incomum
Como inomináveis são
Os sonhos que sucedem
A vigília.

Ora tento persegui-lo,
Compreender a sua origem,
O seu propósito.

Noutro instante
Deixo-o fluir,
Sem qualquer resistência.

Às vezes ele é terno,
Doce e prazeroso.

Também se afigura
Inquisitivo e perturbador.

Ele simplesmente não me pertence,
Mas aceito-o mesmo assim.

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Música de fundo em arquivo MID (amostra experimental):
"Fera ferida", de Roberto e Erasmo Carlos
Nota para a seqüencia MIDI: *****

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Belo Horizonte, 25 março, 2006