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Traição
Enviado pela autora, Niterói-RJ

24 fevereiro, 2007

Por Ivone Boechat

Hoje,
que as memórias se esvaem,
e os amigos fogem de mim,
só tenho minhas poesias
como amigas
confidentes,
mesmo assim,
impertinentes,
sem rima e vazias
não inspiram a menor confiança:
elas também me traem.



Onde anda você...

Enviada pela autora, São Paulo-Capital


Por Priscila de Loureiro Coelho

14 fevereiro, 2007

Durante o dia
A correria me distrai
E envolvida
Na labuta
A vida vai.

Mas chega a noite
E com ela Paciência!
O som do tempo
Me recorda
Sua ausência.

Onde estará você
Neste momento?
Escapa-me aos limites
O pensamento.

Então uma quietude me invade
Entregando-me
Aos cuidados
Da saudade.

Onde andará você
Que não o encontro
E assim de pronto
Agita-me o coração

Onde estará você
Que gosto tanto
Mas que, no entanto
Não passa de uma ilusão...


O que sentimos
Enviada por Márcia Reis Bitencourt, Santa Catariana-SC

Por Licinho Campos, do Grupo de Poetas Livres de Santa Catarina-SC

13 janeiro, 2007

No nosso calor interior
Que se torna abafante
Nos fazendo viver
Paixões e desejos sem abismos
Que fazem externarmos o que sentimos.

Absortos ficamos
Com pensamentos abstratos
Viajamos como se tivéssemos barbatanas
Para conseguirmos a ápice do desejo que emana.

Ah! Quanta apetência
Que nos causa vertigens
Nos fazendo reféns do medo de amar
Que ás vezes faz inacessíveis sermos
Nos deixando a tona vir, o que queremos
Deixando somente á vontade de sentirmos,
O que temos
O amor.


Horizonte vermelho

Enviado pelo autor, Itajaí-SC

Por Samuel C. da Costa, poeta em Itajaí, para Anna Paes

9 janeiro, 2007

Quisera eu experimentar...
Novos sabedores
Em novos lugares
Novos amores
Novos sabores

Com novos temperos
Com novos amores
Em outros lugares
Com novos atores

Acordar em teus braços...
Para perder-me em teus braços
Em outros lugares
Com novas paisagens
Em outros tempos

Um novo mundo
Ainda não explorado
Com novos amores
Com novas cores...

Novos sabores
Novos olhares
Novos temperos
Em outros lugares

Que não sei bem onde
Nem quando
Um novo lugar...
Ainda não explorado

Com novos sabores
Com outros atores
Com outros temperos
Com novos olhares

Outros hábitos
Queria eu morrer em teus braços
Queria eu me perder em teus cabelos
Queria eu tentar novos hábitos...

Em outros lugares...
Com outros olhares
Com novos olhares...
Navegar em outros mares

Passear por novas paisagens
Em outros lugares...
Com novos pares
Em outros lugares
Com novos ares

Com novos amores
Com outros atores
Com outros olhares
Em novos lugares

Com outras idades
Por outras cidades
Com outros olhares...
Em outros lugares

Com novas roupagens...
Por novas paisagens
Com uma nova idade
Com outros pares...

Com novos amores
Em outros lugares
Quisera eu experimentar uma nova paisagem
Com outros ares
Em outros lugares

Em um mundo novo
Totalmente diferente...
Quisera eu perder-me em teus braços...
Quisera eu morrer em teus braços...


Elegia desesperada (O desespero da piedade)
Enviada por Isolda Harris, Fortaleza-CE

Por Vinicius de Moraes

Meu Senhor, tende piedade dos que andam de bonde
E sonham no longo percurso com automóveis, apartamentos...
Mas tende piedade também dos que andam de automóvel
Quantos enfrentam a cidade movediça de sonâmbulos, na direção.

Tende piedade das pequenas famílias suburbanas
E em particular dos adolescentes que se embebedam de domingos
Mas tende mais piedade ainda de dois elegantes que passam
E sem saber inventam a doutrina do pão e da guilhotina

Tende imensa piedade dos músicos de cafés e de casas de chá
Que são virtuoses da própria tristeza e solidão
Mas tende piedade também dos que buscam o silêncio
E súbito se abate sobre eles uma ária da Tosca.

Não esqueçais também em vossa piedade os pobres que enriqueceram
E para quem o suicídio ainda é a mais doce solução
Mas tende realmente piedade dos ricos que empobreceram
E tornam-se heróicos e à santa pobreza dão um ar de grandeza.

Tende infinita piedade dos vendedores de passarinhos
Quem em suas alminhas claras deixam a lágrima e a incompreensão
E tende piedade também, menor embora, dos vendedores de balcão
Que amam as freguesas e saem de noite, quem sabe onde vão...

E no longo capítulo das mulheres, Senhor, tenha piedade das mulheres
Castigai minha alma, mas tende piedade das mulheres
Enlouquecei meu espírito, mas tende piedade das mulheres
Ulcerai minha carne, mas tende piedade das mulheres!

Tende piedade da moça feia que serve na vida
De casa, comida e roupa lavada da moça bonita
Mas tende mais piedade ainda da moça bonita
Que o homem molesta — que o homem não presta, não presta, meu Deus!

Tende piedade das moças pequenas das ruas transversais
Que de apoio na vida só têm Santa Janela da Consolação
E sonham exaltadas nos quartos humildes
Os olhos perdidos e o seio na mão.

Tende piedade das mulheres chamadas desquitadas
Porque nelas se refaz misteriosamente a virgindade
Mas tende piedade também das mulheres casadas
Que se sacrificam e se simplificam a troco de nada.

Tende piedade, Senhor, das primeiras namoradas
De corpo hermético e coração patético
Que saem à rua felizes mas que sempre entram desgraçadas
Que se crêem vestidas mas que em verdade vivem nuas.

Tende piedade, Senhor, de todas as mulheres
Que ninguém mais merece tanto amor e amizade
Que ninguém mais deseja tanto poesia e sinceridade
Que ninguém mais precisa tanto alegria e serenidade.

Tende infinita piedade delas, Senhor, que são puras
Que são crianças e são trágicas e são belas
Que caminham ao sopro dos ventos e que pecam
E que têm a única emoção da vida nelas.

Tende piedade delas, Senhor, que uma me disse
Ter piedade de si mesma e da sua louca mocidade
E outra, à simples emoção do amor piedoso
Delirava e se desfazia em gozos de amor de carne

Tende piedade delas, Senhor, que dentro delas
A vida fere mais fundo e mais fecundo
E o sexo está nelas, e o mundo está nelas
E a loucura reside nesse mundo.

Tende piedade, Senhor, das santas mulheres
Dos meninos velhos, dos homens humilhados -sede enfim
Piedoso com todos, que tudo merece piedade
E se piedade vos sobrar, Senhor, tende piedade de mim!

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Música de fundo em arquivo MID (amostra experimental):
"O negócio é amar", de Carlos Lira e Dolores Duran
Seqüência MIDI: Ed Pupone
Nota para a seqüencia MIDI: *****

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Belo Horizonte, 10 março, 2007