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Opinião
Ameba verde e amarela
Enviada pela
autora, Alegrete-RS
![]() Por Sandra Silva, socióloga, professora e acadêmica de direito E-mail: sandra.silva@brturbo.com.br |
O Brasil está mal. Os brasileiros estão em coma. Vive-se de aparências, como se a doença não fosse perigosa. As metástases estão a corroer aceleradamente os tecidos, mas parece que ninguém vê. É um mundo do faz-de-conta, tão propício à infância em determinado período. Se nessa é salutar, na história do país o desastre é impendente. É um mundo de cegos, apesar dos olhos estarem escancarados. Já não se sabe se o brasileiro é de boa ou má fé. Se é um ser democrático ou um ser anárquico, eis que deixa que a vontade de uma minoria barulhenta faça o que bem entende em favor de espúrios objetivos. | ![]() Ilustração Roberto Bendia Veja como não contrair amebíase |
Depois do senhor Inácio -pasmem-
mas anote para não ser esquecido, virá o senhor João
Pedro. É a onda vermelha. Antes, porém, a total contaminação
urbana pela revolução dos movimentos sociais, mormente
a daqueles inocentes agricultores que compõem o MST, o MSLT e
a Via Campesina. No meio universitário e na área de comunicação,
bases de ação, tudo bem delineado e estabelecido com rigor
estratégico. Que ninguém duvide!
Bobagem é falar da ingestão de bebida pelo primeiro mandatário.
Que beba o que quiser desde que o discernimento permaneça para
comandar a nação, e que ouça e veja mais. Bebida
a estas alturas do leviatã, é caramelo de leite.
Não se sabe, repito, se o povo é tonto, trouxa ou safado
mesmo. Pôs o dedo em riste contra o mensalão e valerioduto,
mas apenas o dedo, porque a voz e a ação não passaram
de manifestações deletérias nos botecos das esquinas
onde se esvaem os trocados surrupiados do cartão cidadão.
Afogam ali a última dignidade, o resquício da ética,
a parca moralidade, a inexistente honestidade e o agônico caráter.
Diz a fábula popular que se jogarmos um sapo na água fervente
ele salta de imediato, salvando-se. Mas se o colocarmos dentro da água
e formos esquentando o líquido aos poucos, ele não perceberá,
acabando por morrer escaldado. O Brasil e os brasileiros estão
dentro do caldeirão cuja água está sendo aquecida
lentamente, bem ao gosto dos melhores estrategistas. Chegou-se ao ponto
gê: crime, recompensa e glória. Orgasmo pleno da anarquia,
do desmando, do despautério e da fogueira das leis.
Como fazer deste país uma nação competitiva e respeitada
quando dois terços dela é pobre, improdutiva e dependente
do governo para sobreviver?
Quem sustenta o governo -que se diz o pai desses miseráveis-
é o terço restante, aquele que trabalha, produz e sofre
a maior tributação que se tem notícia na história
deste e de outros paises. Esse terço sustenta os movimentos sociais
que destroem o patrimônio público e privado, os dinheiros
mal havidos em malas, contas aqui e além-mar, e também
em cuecas, quiçá lambuzadas.
Os brasileiros perderam a consciência e os neurônios. Bem
verdade que apesar dos indicadores de analfabetismo terem decrescido,
sabe-se que um percentual muito significativo é desavisado funcionalmente.
Apedeutas. Tantos são que se fizeram representar fielmente.
Nos últimos três anos não crescemos, mas em compensação
os gastos com a dívida interna atingiram o valor de um trilhão
de reais numa explosão de gastos públicos jamais verificados.
No Brasil só falta os ipês trocarem suas folhas e cachopas
de flores por notas de dinheiro. Afinal, tantos milhões têm
de ter uma origem, salvo se está havendo emissão escusa
de moeda.
A estupidez coletiva parece se estender como os tentáculos de
um polvo faminto. Os homens esclarecidos estão mudos, as academias
em absoluto silêncio e as instituições de escol
amordaçadas sabe-se lá por quais comprometimentos. O flagelo
moral e ético escorre disforme. Algumas poucas ações
que poderiam ter dado frutos saborosos foram infectadas pelo dilacerante
vírus do descontrole total da corrupção.
Chegamos ao auge do descrédito em relação à
política. Os ditos homens públicos querem, apenas, subir
ao podium. Não há verdades em seus discursos, apenas falácias
e bazófias.
Estamos aniquilados.
Mais Brasil?
Enviado pelo autor, Rio de Janeiro-Capital
Por Gustavo Barreto, editor da revista eletrônica Consciência.Net
4 junho, 2006
![]() |
Você acredita que uma iniciativa autodenominada "movimento" e apoiada por Armínio Fraga, Gustavo Franco, João Roberto Marinho, Antonio Ermírio de Moraes, Nelson Sirotsky e Roberto Civita poderá mudar o Brasil? |
Chamo então a atenção para a campanha protagonizada por diversos artistas, entre eles o "rapper" Marcelo D2, que assisti no começo de junho de 2006 na TV Globo. Trata-se, segundo a campanha, de um "movimento" denominado QUERO MAIS BRASIL. Dizem ter apoio de 210 entidades e algumas muitas pessoas, muitas famosas. Indicam um site: www.queromaisbrasil.com.br.
Acompanhe. A campanha tem alguns chavões como "(...) movimento que convida toda a sociedade brasileira a se dar as mãos e fazer com que o eterno país do futuro se torne o Brasil do presente" e logo de cara a ênfase neoliberal típica dos tempos de FHC: "(...) Querer Mais Brasil é exigir que todos os governos, das cidades, dos estados e do país, não gastem mais do que arrecadam. Sem dívida crescente, sem juros excessivos, sem gastos mal feitos. É exigir menos gasto na máquina pública e mais serviços sociais e investimentos (...) exigir a mesma eficiência dos órgãos públicos que se exige da iniciativa privada: incompetentes fora, profissionais competentes e premiados e corrupção eliminada".
A participação é fácil: com um clique, nome, cidade e mensagem, o QUERO MAIS BRASIL convida você a "não se omitir" e escrever aos governantes. Sem grande esforço, o leitor é induzido a apoiar a campanha sem conhecer seus apoiadores (vamos chegar neles).
Vários depoimentos dizem aderir ao movimento baseado em alguns chavões, como por exemplo: "(...) Apóio o Quero Mais Brasil porque concordo com o mote do Movimento. O Brasil tem que deixar de ser o eterno país do futuro para ser o país do agora". Entre as entidades, várias federações e associações comerciais, a "Sociedade Rural Brasileira" e sindicatos patronais. Além do apoio de pessoas e entidades, consta na página um "Conselho". Alguns dos vários "conselheiros": Antonio Ermírio de Moraes, João Roberto Marinho, Luciano Huck, Nelson Sirotsky, Roberto Civita, Roberto Medina, Viviane Senna e Washington Olivetto. Preciso comentar?
Na parte de cima da página, em destaque, o logo do "Instituto Millenium" (http://institutomillenium.org), que escreve em sua página: "O Instituto Millenium se dedica a intervir no debate público para promover os valores de liberdade, economia de mercado e Estado eficiente, por meio de estudos e publicações, tendo como parâmetros os padrões de modernas democracias de mercado". Os artigos deixam mais do que claro o posicionamento explicitamente neoliberal do Instituto, com frases como "(...) a condução do Brasil a uma rota de prosperidade e liberdade só é possível pelo fator de transformação histórica mais poderoso de todos: a iniciativa individual do ser humano", além de outras "verdades" definitivas do tipo.
A "ameaça" da função social
Há evidentemente uma patética diferença entre os "ideais" dos formuladores do "Brasil do presente" deste movimento e as idéias difundidas tanto pelos "conselheiros" e o Instituto parceiro, cujos idealizadores publicam artigos que dizem, entre outras barbaridades, que "(...) prédios públicos em cidades são freqüentemente invadidos por legiões do MST e congêneres, e o viés ideológico que orienta o Estado no campo já tem seu caminho para dentro dos centros urbanos traçado na lei. É o Estatuto das Cidades, que em obediência à Constituição sujeita ao poder discricionário do Estado a propriedade urbana, ou seja, diz que esta deve cumprir sua função social." Evidentemente que o autor do artigo, João Accioly, vê isto como uma "redução de liberdade imposta a quem detenha direitos de propriedade sobre território urbano (...)".
Accioly ganhou um prêmio do Instituto Liberal e de uma organização estadunidense que defende a "responsabilidade e liberdade individual", a "propriedade privada" e os "mercados livres", entre outras coisas, como consta na página da "Foundation for Economic Education" (http://www.fee.org/). O mesmo Accioly é membro fundador do tal Instituto Millenium (veja em http://institutomillenium.org/quem-somos/), junto com Antonio Carlos Pereira (editor do Estadão), Gustavo H. B. Franco (ex-presidente do Banco Central durante o governo FHC), Luiz Eduardo Vasconcelos (ex-diretor executivo das Organizações Globo e atualmente membro do Conselho de Administração da Infoglobo e do Conselho Editorial das Organizações Globo) e Lula Vieira (publicitário). O responsável pelo denominado "comitê gestor do fundo patrimonial" do Instituto Millenium é Armínio Fraga, outro ex-presidente do Banco Central de FHC. João Roberto Marinho, dono das Organizações Globo, é do "conselho consultivo" do Instituto Millenium. Vamos relembrar que no item "O que é", em www.queromaisbrasil.com.br, está descrito que trata-se de "(...) um movimento sem nenhuma ligação partidária."
Fácil deduzir, portanto, o sentido para o nome "Quero Mais Brasil". A pequeníssima parte dos brasileiros que já tem quase 80% de todas as riquezas da Nação não está satisfeita. Aproveitando o desejo por mudanças do povo brasileiro e unindo-se a artistas pouco (ou muito) familiarizados com a situação do país, perseguem seu objetivo: querem ficar mais ricos, às custas do Brasil.
Gustavo Barreto é editor da imprensa
alternativa e odeia hipocrisia.
Música
de fundo em arquivo MID (experimental):
"Oceano", de Djavan
Nota para a seqüência Midi: ****
Seqüência Midi: Beto Miasaki
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