Primeira página

Cadê o Norte?
Enviada pela autora, Alegre-RS

 
Por Sandra Silva, socióloga, professora
e acadêmica de direito
E-mail: sandra.silva@brturbo.com.br
 

11 fevereiro, 2006

Um país de cento e oitenta milhões de habitantes não poderia enfrentar dificuldades para encontrar candidatos que o conduzam na administração nacional. Alguma coisa está emperrada para que isso esteja acontecendo.

O ano eleitoral tem de apresentar concorrentes à vaga da primeira cadeira do país, mas não são muitos os que se propõem a enfrentar a difícil corrida. Não despontam líderes que arrebatem os eleitores. Vê-se, não mais que alguns nomes repetidos e outros que estão à frente de unidades federativas de maior destaque e portanto, com maior projeção.

Talvez tenha sido o fenômeno da mesmice que levou os eleitores a se encantarem por Fernando Collor que aportou no coração e no cérebro dos brasileiros insurgindo-se contra os desmandos, as injustiças, as minorias privilegiadas, os compadrios e as benesses familiares.

A oposição e a mídia não deram a Collor nenhuma chance em razão de aventada corrupção de seu homem forte de campanha. Como inquisidores condenaram à fogueira um administrador que chegou a conquistar alguns bons feitos para o país. É estranho que num período a sociedade pense de um jeito e em outro, totalmente ao contrário.

Terá Collor prejudicado o país mais do que a perda de bilhões de reais contabilizados pela CPI dos Correios? O Tribunal de Contas da União e o Supremo não lograram estabelecer parecer nesse sentido, pelo contrário, nada foi provado contra o presidente impedido.

Os três últimos anos brasileiros foram insossos e insípidos. Só não foram inodoros porque o senhor Roberto Jefferson destampou a latrina. Contudo, "de repente, não mais que de repente" afasta-se a pedra que lacra a caverna e expõe-se o tesouro! São bilhões a serem aplicados no social, na infra-estrutura, na educação, quiçá até a saúde sofra reforço. Não sejamos maldosos! Isso é planejamento! Poupou-se para o povo! É hora do pão e do circo! Aleluia!

Enquanto isso, cá neste espaço de farroupilhas, desnuda-se a tão propalada ética e diferença de fazer política cantada e decantada pelos gaúchos. "Vai-se a última flor do Lácio"...

Não se dê culpa às agremiações partidárias que estas são compostas por seres humanos e são estes que se desviam da boa rota, da ética e da decência. Não são as entidades partidárias que fazem os líderes, mas estes que emprestam brilho - ou trevas - para as instituições, ainda que não se possa e não se deva menosprezá-las como sendo um porto de malandros espertalhões.

A imprensa nacional, incluindo a do Rio Grande neste momento, deveria receber um Nobel pela sua garra e perseverança em garimpar toda a sorte de imoralidade, descaramento e cinismo instalado no meio político que, se continuar sendo garimpado e perscrutado amiúde, ainda vai mostrar muita fealdade, para maior desencanto do que já se está a ter.

Tudo isso se dá por alguma motivação. Arrisca-se a conjeturar que a raiz se encontra na má formação moral dos seres humanos que passaram a desprezar totalmente as qualidades de ser para se atirarem na aventura do ter. Vivemos a sociedade do consumo delirante e competitivo: matamos para ter, furtamos para ter, estupramos para ter, mentimos para ter, cometemos injustiças para ter, injuriamos para ter, até rezamos para ter!

Quando as mulheres começam a jogar no lixo seus filhos, afogando-os ou sufocando-os, e chamando seus bebês de droga, os sinais são contundentes demais de que uma enlouquecedora epidemia toma conta da sociedade.


Bianca
Enviado pelo autor, Americana-SP

 


Por Juliano Schiavo Sussi, 18 anos,
estudante de jornalismo do ISCA – Limeira

E-mail: jssjuliano@yahoo.com.br

 

3 junho, 2006

Numa esquina pouco iluminada, com música de forró ao fundo, lá está ela. Encostada num muro, junto de seu grupo, ela espera pelo cliente. Não tem carteira assinada, mas cumpre seu horário. Entra às 19 horas e sai por volta das três da madrugada. Tem cabelo chanel, toma hormônio feminino, tem próteses de silicone, segura uma bolsa preta e não usa sutiã. Bianca Close, 24 anos, metade de sua vida resumida a trabalhar no período noturno.

Não usa drogas e não bebe. Estudou até a quarta série do ensino fundamental e pretende voltar a estudar. Há um mês, faz curso de cabeleireira para tentar mudar de profissão.

Bianca é travesti. Desde os doze anos exerce esse ofício. Cobra R$ 30,00 o programa e atende em torno de cinco clientes por noite. Não escolhe os parceiros, pois o dinheiro fala mais alto. Sempre se previne de doenças utilizando camisinha para as relações sexuais. “Até para colocar a mão peço para o cliente usar camisinha. Saúde não tem dinheiro que pague”.

Quando indagada porque está nessa profissão, responde: “continuo nessa vida porque é difícil encontrar emprego quando se é travesti”.

Com o pai, não conversa até hoje. Ele se separou de sua esposa quando Bianca tinha nove anos, por não aceitar a idéia de ter um filho homossexual. A mãe tem câncer e é auxiliada por Bianca no tratamento.

A profissional do sexo sofre com variados tipos de violência, até mesmo daqueles que deveriam protegê-la. “Antigamente policial chegava batendo, nos espancando. Hoje isso diminuiu”. Ele também relatou que adolescentes e homens de mais idade arremessam pedras, jogam bombas e descarregam extintores em cima dos travestis. “Teve uma vez que um grupo desceu dando tiros” – lembra Bianca.

Ela também ficou presa por três anos. Alegou que um policial forjou que ela havia roubado um cliente. “Sofremos vários tipos de preconceito. Já apanhei de homens e constantemente somos xingados”.

E, naquela noite, após a entrevista concedida, o travesti voltou ao seu ofício.

A pergunta que fica: como re-socializar essa pessoa e lhe garantir condições de viver com dignidade? Há maneiras de inseri-la na sociedade de uma forma que não seja a marginal?


Licença-maternidade
Enviado pelo autor, Vitória-ES

Por João Baptista Herkenhoff, livre-docente da
Universidade Federal do Espírito Santo e escritor

E-mail: jbherkenhoff@uol.com.br Homepage: www.joaobaptista.com.br

2 junho, 2006

No espaço desta vida que já se aproxima da hora sétima, procuramos sempre travar o bom combate pugnando pelas causas da Justiça, da Cidadania e do Humanismo.

Não poderíamos assim calar nossa voz de aplauso quando a Prefeitura de Vitória, num gesto pioneiro, amplia para seis meses o tempo da licença-maternidade.

O conjunto da sociedade eleva-se, sob o aspecto ético, e não apenas os governantes, quando uma lei dignifica a mulher, salvaguarda os direitos da criança, preserva a saúde e o bem-estar das gerações que virão.

Parece que o homem se torna mais homem quando é capaz de penetrar no universo feminino. Não é preciso sentir as dores do parto para perceber a grandeza do parto.

Está de parabéns a Municipalidade de Vitória pela votação e sanção da Lei n. 6.587, que ampliou o prazo da licença para atender o final da gestação, o parto e os cuidados para com o recém-nascido.

No âmbito federal há um projeto em tramitação no Senado, de autoria da Senadora cearense Patrícia Saboya, que pretende alcançar com o benefício da licença ampliada todas as mães que trabalham, não apenas no âmbito público, mas também na iniciativa particular. No projeto da senadora, um incentivo fiscal compensará as empresas que aderirem ao programa

A idéia de dilatar a licença-maternidade foi defendida, inicialmente, pela Sociedade Brasileira de Pediatria, contando depois com expressivos apoios na sociedade civil, inclusive da Ordem dos Advogados do Brasil.

A lei que em Vitória aumentou o tempo da licença-maternidade não terá apenas um efeito local, beneficiando as servidoras municipais da capital capixaba. Será também uma senha de luta e um incentivo para que essa causa ganhe adeptos em todo o território nacional.

O município é a célula básica da Democracia. É a partir dos municípios que devem florescer os avanços e conquistas sociais. Muitas vezes os avanços ocorrem de cima para baixo. Mas são os avanços de baixo para cima, os avanços radicados na consciência coletiva, os que realmente mudam a História.

Não vemos a ampliação da licença-maternidade como uma lei que se localiza apenas no círculo dos benefícios sociais, ou seja, não a vemos somente como um tijolo que se acresce à construção de um sistema jurídico mais justo. Vemos, ao lado deste significado, um outro sentido ainda mais profundo. Ampliar a licença-maternidade é afirmar que a natalidade, os cuidados pré-natais, o aleitamento através do seio materno, o que se faça em favor do desenvolvimento sadio e feliz de uma criança constitui obrigação irrecusável, não apenas da mãe e da família, mas de toda a sociedade e do Estado.

Ainda que não se possa salvar todo o povo, preserve-se e salve-se pelo menos a criança.


Livre arbítrio
Enviado pelo autor, São Paulo-Capital

Por Celso Afonso Brum Sagastume, escritor e professor
Autor dos livros: A Busca da Felicidade através das Relações Humanas; Utopia Real - "Um Outro Mundo é Possível"; Como Realizar Seus Desejos; Reflexões sobre a Vida; Vencendo a Morte - Uma análise filosófica

17 junho, 2006

Eu gostaria de ter uma conversinha com o teu filho. Caso não seja possível, repasse a minha opinião a ele.

O sonho do seu filho tem um nome: comunismo cristão; e já foi experimentado nas Missões Jesuíticas no século 17 (veja, no final desta, um texto que escrevi...). Mesmo naquela época esta "sociedade perfeita" não permitia muita liberdade individual e muito menos de pensamento. Numa sociedade complexa, como a nossa, esta "sociedade perfeita" seria quase uma tragédia. Explico porque.

O animal humano funciona como qualquer outro animal irracional. Se você der um prêmio (salário) ele trabalha, se castigar ele trabalha como escravo (inconcebível no nosso tempo); ele ainda pode trabalhar como escravo de crenças (trabalhar para Deus, por exemplo); muito poucos trabalhariam para a coletividade, se não estiverem suficientemente motivados - isso já acontece através dos trabalhos voluntários, mas são exceções, e estão longe de serem
regras.

Uma sociedade perfeita (ou quase) não precisa nem de comunismo (trabalhar de graça) nem de cristão (trabalhar por amor ao próximo); basta ter justiça (cada um ganha o que merece) e justiça social (cada um ganha pelo menos o mínimo, por um trabalho mínimo). Se eu ganhar a mesma coisa, trabalhando ou não, por quê eu vou trabalhar, me esforçar, me aperfeiçoar, criar coisas novas...?

Em toda sociedade sempre vai haver pessoas mais e menos ambiciosas - além de
terem valores diferentes (valorizar mais as coisas materiais ou espirituais). Então, o comunismo é uma imposição que escraviza a própria natureza humana. A interação homem-sociedade não pode querer transformar o homem nem num individualista (base do capitalismo) nem num escravo do Estado (base do socialismo). O ideal é que o homem seja livre em sua essência, mas também seja co-responsável pela sua sociedade e pelo seu mundo. Esta é a minha proposta.

Seu filho é livre para trabalhar de graça, se ele quiser - duvido que queira, a menos que queira ser voluntário para alguma causa nas horas vagas, não em tempo integral...

Não há nada mais justo que pagar um preço justo por um determinado trabalho. Não há nada mais injusto que querer as coisas de graça.

O lucro é a base do desenvolvimento. ¿Por quê alguém vai trabalhar mais se vai ganhar a mesma coisa? As pessoas ambiciosas trabalham mais e procuram fazer um trabalho melhor justamente porque terão algum lucro (prêmio) por isso. Sem lucro não há desenvolvimento, ou ele é muito modesto.

Sem lucro (prêmio) provavelmente não haverá carro melhor, computador melhor, etc. A possibilidade de ganhar mais é que faz com que engenheiros, empresários, etc., busquem fazer um trabalho cada vez melhor. O meu projeto visa incentivar a produção e, ao mesmo tempo, colocá-la ao alcance de todos. Mas não de graça!

Minha proposta é perfeitamente viável; e está dentro da realidade e da natureza humana. Mesmo assim poucos entendem e muitos perdem tempo com coisas quase impossíveis (como a utopia comunista). Não sei se um dia chegaremos lá - coisa que poderia acontecer em poucos anos - mas eu vou continuar tentando; até que alguém me prove que eu estou enganado e me apresente idéia melhor...

Utopia real, "um outro mundo é possível"
Apresentação de livro

Este não é um livro para quem quer mudar o mundo.
É um livro para quem pode mudar o mundo

Existem pessoas que querem e existem pessoas que fazem. Este é um livro para quem faz. Ele trata de projetos e idéias para pôr em prática, não de fantasias, mas sim de algo realizável, comprovado matematicamente. Conhecendo suas idéias você poderá fazer o que está ao seu alcance e saberá como cobrar das autoridades e dos omissos a sua responsabilidade.

A maioria dos problemas abordados neste livro não trazem novidades para aqueles que estão em sintonia com o que acontece no mundo. A grande novidade não está nos problemas, nem nas soluções propostas, mas, talvez, na forma de colocar em prática estas soluções. Já existem programas oficiais que distribuem dinheiro para os necessitados, pessoas que fazem doações para entidades filantrópicas, que são voluntárias em programas assistenciais, etc., mas a questão é que isso não resolve, porque não atinge a origem dos problemas. O que este livro propõe é uma mudança, não de atitudes, mas de objetivos.

Este livro não trata de ideologias políticas -todas elas tiveram a sua chance e deixaram muito a desejar- nem de crenças religiosas, e sim de um novo modelo que se baseia na auto-suficiência, na troca da competição pela cooperação e do assistencialismo pela integração.

Seus projetos não custam necessariamente nenhum centavo, mas têm um valor
incalculável. São sugestões de como transformar este mundo caótico e injusto, onde vivemos, num mundo muito melhor. Um mundo sem miséria nem desemprego, que geram o crime, a violência, o tráfico de drogas, etc. Sem que você tenha de pagar impostos para tudo, sabendo que o seu dinheiro desaparece nas mãos da corrupção, da má administração e do assistencialismo. Neste novo mundo todos trabalharão muito menos e ganharão muito mais; os produtos serão mais baratos e acessíveis; não haverá guerras e a violência (se ainda existir) será muito menor; a natureza será garantida e preservada, livre da devastação, do lixo, dos esgotos e outras formas de poluição; enfim, um novo mundo com muito mais qualidade de vida. Parece uma UTOPIA mas é REAL.

Você não acredita? Então leia e tire suas próprias conclusões.

E tem mais: desafio que alguém prove que os projetos descritos neste livro não são possíveis de serem realizados. E se são possíveis, por que não realizar? Por que não agora? Por que esperar mais tempo (até quando)?

Se você não faz parte do grupo dos que só reclamam, dos que só criticam, dos que só esperam, dos que acham que não têm nada com isso, dos que não tem tempo para coisas importantes porque estão muito ocupados com outras coisas, então você precisa dar uma olhada neste livro.

Este livro é para quem tem inteligência suficiente para fazer uma análise crítica de seu conteúdo e coragem para tomar atitudes que possam tornar possível a realização de seus projetos.

Um mundo novo está ao alcance de suas mãos. Basta você ler e agir.

Ver edição anterior


Música de fundo em arquivo MIDI (experimental):
"Sangrando", de Gonzaguinha
Nota para a seqüência Midi: ****
Seqüência Midi: Zenóbio C. Albano

Participe do Jornal dos Amigos, cada vez mais um jornal cidadão

O Jornal dos Amigos agradece a seus colaboradores e incentiva os leitores a enviarem textos, fotos ou ilustrações com sugestões de idéias, artigos, poesias, crônicas, amenidades, anedotas, receitas culinárias, casos interessantes, qualquer coisa que possa interessar seus amigos. Escreva para o e-mail:

Se o conteúdo estiver de acordo com a linha editorial do jornal, será publicado.

Não esqueça de citar seu nome, a cidade de origem e a fonte da informação.

Solicitamos a nossos colaboradores que, ao enviarem seus textos, retirem as "flechas", isto é, limpem os textos daquelas "sujeiras" de reenvio do e-mail. Isso facilita bastante para nós na edição.

Início da página

www.jornaldosamigos.com.br

Seções

Ambiente
Amenidades
Anedotas
Artigos
Artigos Verde
Aventura
Botânica
Cidadania & Ética
Ciência
Crônicas
Cultura
Depoimento
Dicas de Internet
Economia
Educação
Ficção
Gestão
Justiça
Imprensa
Música
Opinião
Pesquisas
Poesia
Política

Política internacional
Reflexão

Serviços

Denúncias
Emprego, como procurar

Igrejas Católicas

Igrejas Evangélicas
Português, falar bem
Previdência, dicas
Saúde
Utilidade Pública

Artigos


Belo Horizonte, 28 junho, 2006