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Estágio, uma fonte de recompensa
Enviado pelo autor, Americana-SP

Por Juliano Schiavo Sussi, estudante de jornalismo

3 março, 2006

Criado como forma de auxiliar o estudante em sua carreira, o estágio tornou-se uma ferramenta indispensável para o melhor aprendizado e assimilação do conhecimento por parte do aluno. Trabalhar na área de interesse demonstra claramente ao aluno o que a profissão realmente almeja dele, e o estágio tem a função de conciliar teoria (aprendida nas instituições de ensino) com a prática (somente adquirida no trabalho). Podendo ser apresentado como um vestibular para o mercado de trabalho, ele supre, de certa forma, uma necessidade individual: experiência.

Porém não são todos os cursos que permitem o estágio e, se permitem, nem sempre é fácil de consegui-lo. Seria de fundamental importância que as empresas andassem de mãos dadas com as instituições de ensino, pois é na faculdade ou num curso técnico que se garimpam profissionais, que, por sua vez precisam ser lapidados através da experiência.

Pegue-se como exemplo o jornalismo, curso que escolhi (por vivenciar isso cito meu curso). A categoria dos jornalistas não permite o estágio. Então, como tentar ser um profissional com uma extensa bagagem, se, ao proibirem o estágio, estão tirando o único modo de absorção de experiência? Essa é uma questão interessante a ser discutida, visto que não envolve somente o curso de jornalismo, como outros também.

Os institutos de ensino dotam os estudantes de uma imensa gama de teorias, informações, métodos, mas a prática, coitada, essa fica relegada ao obscurantismo.

Diante dos fatos, porque o estágio é tão malfadado diante de certas empresas e sindicatos?

Está certo que, por não contarem com experiência, muitos dos estagiários dificultam um pouco o andamento do serviço. Mas esse é um ponto a ser eliminado, pois experiência é algo que se absorve dia-a- dia, e, também, ao se contratar um jovem como estagiário, a empresa acaba dando perspectivas positivas não só ao contratado, mas também a sociedade, tudo porque ensina os caminhos profissionais a alguém inexperiente.

Assim como certas pedras brutas que são extraídas da natureza viram pedras preciosas, os estagiários guardam uma jóia que deve ser lapidada. Mas, para que essa jóia possa vir à tona, é necessário que se a extraia de suas minas as pedras brutas, para que elas possam ser lapidadas e, enfim, obterem valor. É um caminho árduo, mas que recompensa.


Sexo, amor e medo
Enviada por Mag Guimarães, Roterdã-Holanda

Por Maria Berenice Dias, desembargadora do Tribunal de Justiça-RS e
vice-presidente nacional do IBDFAM

www.mariaberenice.com.br

2 março, 2006

Há dados certos, que conjugados, não combinam.

Uma verdade: a chamada revolução feminina resgatou a identidade da mulher, assegurou-lhe o direito à igualdade e acabou com sua condição de inferioridade em relação ao homem.

Outro dado inquestionável: caiu o mito da virgindade e agora, o livre exercício da sexualidade é uma prerrogativa de homens e mulheres. Já se foi o tempo em que a virgindade feminina era símbolo de sua honestidade, podendo inclusive o marido pedir a anulação do casamento se desconhecia que a esposa não era virgem.

Mas há outros fatos incontroversos: a chamada liberalização dos costumes -que nada mais é do que o fim da hipocrisia de uma sociedade conservadora- permite a todos, independente do sexo e da identidade sexual, buscar a felicidade. O sonho do amor eterno não está mais condicionado exclusivamente dentro de um casamento, até que a morte os separe. É possível as pessoas migrarem de um relacionamento a outro, da forma que lhes aprouver, formatando a família que melhor atende às suas expectativas de vida a dois.

Com todos esses ingredientes só se poderia chegar à conclusão que estamos vivendo no melhor dos mundos. Mas esta não é a realidade.

É que há mais um dado: as mulheres casadas representam o maior grupo entre os portadores do vírus HIV e de doenças sexualmente transmissíveis. Essa triste estatística escancara chocante realidade: quando fala-se em sexo nada mudou. As mulheres ainda são reféns do desejo do homem. Os relacionamentos não atingem o grau de intimidade, de igualdade entre os parceiros que permite à mulher exigir do parceiro o uso de camisinha. Tal solicitação é recebida como desconfiança de infidelidade, sendo rejeitada com veemência e, muitas vezes, com violência.

Fora disso há a injustificável vedação da Igreja ao uso de preservativos. Como as religiões, em geral, pregam também a obediência da mulher, legitima-se a reação masculina.

Às mulheres não resta nenhuma escolha: cedem ao desejo do par. Se reagirem, pecam por desobediência. Se exigirem o uso da camisinha, apanham. Também se ousarem negar-se à prática sexual, há o risco de serem acusadas de estarem faltando com os deveres do casamento. Há quem sustente -absurdamente, e sem qualquer respaldo legal- que existe o débito conjugal, e que o "credor" pode até pedir a separação sob este fundamento.

Por isso a mulher cede, submete-se ao sexo, mesmo contra sua vontade, ainda que com medo de engravidar, de contrair AIDS ou alguma outra doença. Deixa ser usada o que significa ser abusada, sob a ameaça de apanhar, de ser abandonada, de ser traída.

As mulheres correm todos esses riscos não por amor, mas por risco de morte.


A nova idade escolar
Enviada pela autora, Alegrete-RS

Por Sandra Silva, socióloga e produtora cultural

11 fevereiro, 2006

Estamos de volta ao passado. A educação brasileira retoma seus velhos nove anos de ensino, iniciando na primeira série, agora dividida em A e B, e estendendo-se até a oitava série. Verdadeiramente o aluno freqüentará nove anos de ensino básico ou fundamental, como lá se queira identificar. Acrescentou-se mais um ano subdividindo-se o primeiro em dois.

Para quem tem idade terminando em "enta" esta alteração é a lembrança do antigo curso Primário somado ao Ginásio. O Primário era realizado em cinco anos -do primeiro ao quinto ano- etapa em que se davam os exames de admissão ao curso ginasial que se seguia de quatro anos de estudo de muitas disciplinas, como a língua inglesa, a francesa e o latim, somadas a química, a física e a biologia, dentre os outros componentes curriculares do chamado núcleo comum. O curso ginasial era tão importante e de acesso relativamente restrito que permitia aos ginasianos formados ministrarem aulas como se professores fossem. As formaturas por conclusão do curso eram momentos solenes com direito até a anel (pedra azul claro) em razão, certamente, de sua importância na escala social.

Fala-se muito na necessidade de um ensino de qualidade. Comparando-se a atualidade com os tempos de antanho há que se admitir que houve defasagem em alguns setores, como o raciocínio lógico, a leitura humanística e ética e a língua pátria, mas com acréscimos em outros em virtude da própria evolução do conhecimento e das ferramentas de acesso a informações mais rápidas e anteriormente não discutidas.
A questão do ingresso na primeira série aos seis anos tem recebido manifestações contrárias e favoráveis. Os que são contra ao ingresso da criança em tão tenra idade para ser iniciada nos raciocínios lógicos e intelectuais entendem que seria apressar demais a aprendizagem de nossos meninos e meninas.

Há de se admitir que há crianças de seis anos que precisam continuar com as atividades mais lúdicas e de menor esforço intelectual, mas não se pode preterir a existência de outras já totalmente preparadas para a educação formal e exaustas das ações lúdicas que pouco lhes exige do pensamento lógico. Nesse viés, inclusive, é de relevância a origem do meio social do infante. Um menino de seis anos, cuja família pode propiciar computador com sofisticados softwares, escola de línguas, esportes, viagens e conhecimento de espaços culturais, estará mais bem capacitado para a educação formal do que o garoto da periferia cujo pai, na maior parte do tempo, não consegue emprego, habita no espaço de um só cômodo e tem dificuldades em obter alimentação compatível com seu desenvolvimento físico. Condições desfavoráveis, incluindo doenças mal tratadas, poderão -não é regra- causar certa lentidão no aprendizado. Não significa isso, entretanto, que com sete anos estará imune aos dissabores de sua pobreza, mas terá maior maturidade psicológica e, portanto, melhor condição de superar os desafios da aprendizagem.

Por outro lado, levar a criança de seis anos para a escola é salutar em vários aspectos, beneficiando a população da periferia e das classes economicamente menos aquinhoadas. A escola sempre é um centro de bem estar especialmente para quem fica solitário e ocioso enquanto os pais buscam a sobrevivência. Abrigados com atividades úteis, de lazer, de esporte e alimentação, os pequenos estarão distantes da degradação moral cultivada pelos adultos já iniciados nesta lide.

Com referência a responsabilidade advinda da escolaridade prematura é de se observar que elas devem estar em acordo com a possibilidade de uma criança de seis anos, ressalvado o perfil individual de cada uma. Talvez essa tenha sido a intenção do legislador ao fazer com que a primeira série se dê em dois anos. Isso poderá, inclusive, evitar a reprovação e a deficiência na leitura, esta carregada como pesado fardo por muitas crianças que avançam às séries seguintes sem o completo domínio das letras.
A nova modalidade tem período para implantação. Até lá a regra legal é a dos sete anos, ainda que nos dias de hoje grande parte da clientela escolar esteja ingressando com idade menor.


Motoristas e acidentes
Enviado pelo autor, Vitória-ES

Por João Baptista Herkenhoff, escritor
E-mail: jbherkenhoff!@uol.com.br
www.joaobaptista.com

15 fevereiro, 2006

As estatísticas revelam o altíssimo número de mortes ou lesões corporais gravíssimas causadas por acidentes de trânsito, no Brasil e no Espírito Santo também.

Diante das taxas de morte em decorrência de câncer, enfarte, ataques cerebrais, podemos ter uma atitude de relativa conformidade. Afinal não é fácil evitar os óbitos resultantes dessas causas.

Mas diante das vidas sacrificadas por acidentes nas rodovias, e mesmo dentro das cidades, ficamos perplexos e inconformados. Não é difícil reduzir drasticamente esses infortúnios.

Quantas ocorrências fatais resultam de embriaguez, excesso de velocidade, ausência de cuidados mínimos na conservação dos veículos e outras circunstâncias absolutamente evitáveis.

Não me parece má idéia proibir a venda de bebidas nas estradas, como está sendo proposto neste momento. Aliás, os próprios donos de bares e de postos deveriam ter a consciência do mal que causam à coletividade vendendo bebida alcoólica nos trajetos rodoviários.

Como é também nociva a exaltação da velocidade em filmes e programas de televisão.

A sociedade capitalista é, na sua essência, competitiva. Essa competição, que está na raiz do sistema, contamina todas as relações sociais e, no seu poder deletério, acaba por atingir o acelerador do motorista incauto, especialmente do jovem, que não percebe o veneno de uma pseudocivilização da velocidade.

De minha parte, tive dois acidentes. No segundo, cassei minha carteira de motorista. Todos os motoristas, que tomem consciência de sua incapacidade de dirigir bem, deviam fazer o mesmo: cassar a própria carteira, renunciar ao direito de dirigir.

Nos acidentes de que fui protagonista, não houve vítimas, exceto uma pobre cobra que estava na beira da estrada, tirando uma soneca, envolta em torno de si mesma, como um caracol. Os pneus do veículo esmagaram sem piedade a serpente que suponho fosse venenosa. Essa suposição alivia um pouco minha consciência.

Eu sempre tive bom manejo do carro mas o problema é que me distraía no volante. Nos dois episódios relatados, eu me distraí.

Durante o curto período em que supus fosse bom motorista, cheguei a prolatar várias sentenças durante os trajetos rodoviários, uma vez que era então Juiz de Direito em pleno exercício. Enquanto eu dirigia, meu pensamento trabalhava, a sentença era redigida na cabeça e, quando terminava a viagem, bastava colocar no papel o que já estava escrito no cérebro.

Provavelmente, nos dois acidentes a que me reportei, saí da estrada quando colocava alguma vírgula no texto, ou talvez um ponto de exclamação.

Mas de qualquer forma os leitores fiquem tranqüilos. Este motorista desastrado, ou distraído, não mais dirige qualquer espécie de veículo automotor.

Aqui fica este testemunho como um encorajamento à autocassação da carteira, nas hipóteses em que a própria segurança ou a segurança dos outros exigir este ato de consciência do motorista inábil.

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Música de fundo em arquivo MIDI (experimental):
"Bebe", de Hermeto Pascoal
Nota para a seqüência Midi: *****

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Belo Horizonte, 25 abril, 2006