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Vazio social
Enviado pelo autor, Americana-SP


Por Juliano Schiavo, estudante de jornalismo
E-mail: jssjuliano@yahoo.com.br

19 abril, 2007

Não tenho assunto a discutir: há um vazio. Entre as folhas de jornal, a programação televisiva, o coro insistente dos ambientalistas contra o efeito estufa, a lágrima da mãe que perde seu filho por bala perdida, há um vazio. Entre todos os assuntos, um vazio que cresce e toma dimensões nunca vistas. É a sociedade vazia.

Esse texto, que tenta argumentar sobre a sociedade vazia, nada acrescenta e nada tira, apenas existe. É ineficaz com suas palavras, que não emocionam e nem fazem uma revolução. É repetitivo e nasce da rotina diária, desde o acordar até o dormir – ele brota das observações da vida, reflexo dessa inconstância de sentimentos de amor e ódio, de tristeza e felicidade.

Mas ele existe por que, mesmo quando as forças se esvaem, há sempre uma folha verde de esperança, de um verde novo que há de vir a brotar nesse solo ressecado chamado sociedade. Essa sociedade onde se morre aos poucos.

Morre-se aos poucos quando os olhos se fecham para o novo, a vida restringe-se somente a uma repetição diária e quando não há vontade de se crescer intelectualmente. Morre-se aos poucos quando a televisão ocupa a vida, quando os vícios falam mais alto e quando a violência se torna coisa natural. Tudo isso é reflexo do vazio social, onde o homem passou a ser mercadoria e seus direitos de cidadão passaram a ser direitos de consumidor.

Esse é o vazio onde pouco se muda, nada se transforma e a grande parte das ações se estagna. É o fruto dessa demagogia, onde se prega a mudança do outro e não sua própria mudança. É o vazio humano, tão presente nas ações diárias. É a filosofia do “eu sou perfeito, o outro que é ruim”. Cabe a quem mudar esses rumos?

Não há mudança que se inicie sem que o homem eleve sua voz contra a injustiça, mesmo que num processo solitário. A transformação individual é o caminho para uma sociedade melhor.


Heróis?
Enviada pela autora, Alegrete-RS


Por Sandra Silva, socióloga

E-mail: sandrasilva33@yahoo.com.br

24 março, 2007

Não se tem mais dúvidas: chegamos ao fundo do poço da miséria moral no maior país da América Latina em superfície, reservas florestal, mineral e hidrográfica. O grande país está de pernas viradas, no avesso dos princípios que mantém a civilidade, a ordem e a justiça.

Isso não é ser pessimista tampouco anarquista: é a síntese textual de tudo que tem sido publicado e veiculado pelos vários meios de comunicação nos últimos anos. A sociedade brasileira acompanha com interesse desmesurado a competição do grande irmão dando-lhe importância tal que torna suas personagens modelos de heróis a serem seguidos. E esquece da escassez cada vez maior de postos de trabalho onde possa exercer suas habilidades, da precariedade dos hospitais e atendimento universal à saúde, aceitando mansamente permanecer longo tempo à espera de uma avaliação médica, do salário que esbofeteia a norma constitucional que recomenda seja ele capaz de atender as necessidades mínimas da família. O grande irmão é o devaneio, o momento em que os narcóticos visuais agem sobre o cérebro imbecilizado pelas torturas do dia-a-dia. A casa do grande irmão se tornou um símbolo para uma sociedade decadente e imoral e um apresentador que chama seus ocupantes de nossos heróis!

Diz nosso respeitável presidente que seus ministros são heróis em aceitarem estar a serviço da coletividade percebendo um salário tão miserável. Como se o salário dos ministros fosse para pagar aluguel, água, luz, alimentação, educação, saúde, transporte, telefone, e outros consumos de rotina. Ora, ora, que não se tripudie sobre nosso conhecimento da realidade dos privilégios ministeriais. São 36 organismos entre ministérios e secretarias com status ministerial. Se quantidade fosse igual à qualidade não estaríamos tão mal posicionados na ordem dos países que menos crescem. E tudo isso poderia ser hilário se não fosse trágico.

Assim, tão repleta de heróis e heroínas, caminha a humanidade nacional, vendo seus filhos, maridos, irmãos e amigos terem a vida interrompida pela ação dos criminosos que crescem em quantidade e capacitação de engendrar as mais torpes e brutais violências contra crianças, jovens e idosos. Estes, na sua insignificância de cidadãos corretos e responsáveis, que cumprem com as obrigações tributárias e respeitam as normas legislativas emanadas de um outro grupo de heróis guindados ao poder com a nossa incompetência, indisciplina e negligência cívicas, devem ser arrolados como quê? Se aqueles são heróis, estes são os fáceis de serem enganados, os simplórios, os pasmados?

Coroando a cena heróica, no subterfúgio do entardecer sob espraiados raios de um Sol que não nasce para todos, os parlamentares federais e senadores, em comissão, aprovam um percentual de aumento para seus vencimentos a ser levado para votação em plenário. Se aceito, possibilitará que os parlamentares estaduais e os municipais também recebam a benesse, conforme determina a legislação igualmente criada por eles.

O bem coletivo foi para o brejo há muito. Só os interesses individuais prevalecem. Sem normas, freios ou qualquer outro mecanismo que estanque a ambição pelo poder e pelo dinheiro. Tudo corroborado pelo diploma de Herói!


Os perigos do álcool para o feto

Por José Mauro Braz de Lima, médico, MSc PhD, professor de Neurologia da Faculdade de Medicina/UFRJ, diretor médico da Evolução Clínica e professor da Faculdade de Medicina da UFRJ

A Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), caracteriza-se por microcefalia, dismorfias craniofaciais e retardo mental, foi descrita em 1968 e ratificada em trabalhos científicos de 1973. Outros sinais e sintomas associados, tais como malformação cardíaca e baixo peso, podem estar presentes. A SAF decorre do eventual abuso do álcool durante a gravidez, sendo que, pela intensidade das manifestações, as lesões ocorrem, na forma clássica, predominantemente nos primeiros três meses.

Considera-se que a ocorrência de aborto e parto prematuro pode ser consequência de maior comprometimento fetal como um todo. A incidência de SAF é estimada em um em cada mil nascimentos e o abuso de álcool durante a gravidez produz um risco de 30% a 50% de possibilidade de lesões fetais em relação às mães que não bebem, neste período. Mas o quadro mais problemático é aquele nos quais lesões mais graves não são observadas, mas sim discretas alterações cerebrais. Nestes casos, com o crescimento natural, a chegada da idade escolar e as exigências mais complexas,
verificam-se sinais de certa imaturidade cerebral. Estima-se que, nestes casos, muitas crianças possam apresentar distúrbios cognitivos e comportamentais relacionados com pequenas alterações resultantes da ação do álcool sobre o cérebro fetal.

Acredita-se, de acordo com opinião de diversos especialistas, que manifestações neurocognitivas semelhantes à Síndrome de Déficit de Atenção (DAS), com ou sem hiperatividade, possam ser secundárias à ação de etanol sobre o cérebro em formação embrionária. Nestes casos, não seria necessário grande consumo de bebidas alcoólicas pela mãe, mas eventuais abusos ou uso continuado acima do recomendado. Deve-se chamar atenção para estes casos, pois a crença popular, partilhada por muitos profissionais da saúde, não vê problema no uso de bebidas alcoólicas durante a gravidez.

Segundo alguns autores, o álcool seria uma das principais causas de déficit neurocognitivo nas crianças em idade escolar, caracterizado, sobretudo, por déficit de atenção e distúrbio de conduta (ansiedade, resistência a absorver regras sociais, compulsividades, irritabilidade, maior dependência). As consequências são graves. O baixo rendimento escolar, por exemplo, causando repetência e exclusão da escola, é um dos fatores favoráveis para o surgimento de comportamento anti-social, delinquência e adesão às drogas e ao crime. Essa situação é evitável pelo trabalho de prevenção.

Portanto, as bebidas alcoólicas consumidas na gravidez podem representar um fator de risco significativo a ser melhor considerado por todos nós. Já existem centros, como o da Universidade de Washington e o da Universidade de Lille (Centro Hospitalar de Tourconing), nos Estados Unidos, que vêm desenvolvendo importantes trabalhos neste campo. No Brasil, o problema vem despertando maior atenção, com a vinda de especialistas estrangeiros a encontros organizados por universidades.

O Brasil é um dos maiores consumidores de bebidas alcoólicas do mundo e aqui a cerveja contém a mesma quantidade de álcool puro por dose-padrão: uma caneca de chope equivale a taça de vinho, a uma dose de cachaça ou de uísque.

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Música de fundo em arquivo MIDI (experimental):
"Maria moita", de Carlos Lira
Nota para a seqüência Midi: *****

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Belo Horizonte, 20 abril, 2007