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O papa e a Teologia da Libertação
Enviado por Vitor Buaiz, Vitória-ES

Por Frei Betto, escritor, autor de “Mística e Espiritualidade” (Garamond)
em parceria com Leonardo Boff, entre outros livros

10 abril, 2005

João Paulo II ficará na história como o papa contemporâneo da Teologia da Libertação, que ele jamais condenou, malgrado as suspeitas da Cúria Romana e a repressão a Leonardo Boff.

Surgida na América Latina há cerca de 25 anos, sobretudo através das obras de Gustavo Gutierrez e Leonardo Boff, o que caracteriza a Teologia da Libertação não é a sua análise crítica da sociedade capitalista. É o seu método de refletir a fé dos pobres e a partir dos pobres, considerados sujeito histórico e referência evangélica por excelência.

Supor o Vaticano que a Teologia da Libertação é mero modismo político de teólogos de esquerda é, no mínimo, ignorar o que é fazer teologia a partir de uma situação de opressão, na qual a pobreza predomina como fenômeno coletivo, como ocorre no Brasil e na América Latina. O que significa falar de Deus nessa situação? Ou deve-se mentir que Deus aceita tanta miséria? O papa conheceu na pele as dominações soviética e nazista. Nunca experimentou a miséria coletiva.

A Teologia da Libertação não nasce em estufas eclesiásticas, como universidades ou seminários, mas em comunidades eclesiais de base (CEBs) e nos movimentos pastorais que agrupam fiéis das classes populares. Diante de tantas dificuldades na vida, eles indagam: o que Deus quer? Na busca dos “sinais dos tempos”, atam elos entre fé e política, valores evangélicos e desafios da realidade, liturgia e festa, suscitando a metodologia teológica que é recolhida e sistematizada por teólogos.

O que Roma custa a entender é que a Teologia da Libertação poderia estar em crise se as condições sociais que lhe servem de matriz geradora estivessem –felizmente– superadas. Então, ela teria que redimensionar seu discurso, sem sofrer contudo solução de continuidade, na medida em que não identifica libertação com mera resolução dos problemas sociais crônicos. Para ela, o processo libertador implica, sem dualidade, o “pão nosso” e o “Pai nosso”. Fosse a Teologia da Libertação uma mera exaltação do socialismo real, possivelmente sim ela estaria em crise, como ocorre à teologia neoliberal européia que, tendo perdido sua referência ao mundo dos pobres, volta a encarar a modernidade pela ótica de Nietzsche, e já não sabe a quem dirigir seu discurso. E tudo indica que, em breve, entrará em crise a teologia que –inspirada em João Paulo II– fez da crítica ao socialismo uma apologia da liberdade nos países capitalistas. Agora, a onda de consumismo, trazendo em seu bojo a reintrodução de disparidades sociais e de permissividade, já começa a assustar aqueles que sempre acreditaram que o Ocidente é cristão…

Se é verdade que o socialismo ruiu no Leste europeu, é preciso não esquecer também que o capitalismo sofre de insuficiência crônica por sua incapacidade de responder às demandas sociais. Ele é, por natureza, desigual, concentrador e excludente. Porém, o papa, que sempre criticou os abusos do capitalismo, não chegou a denunciar as suas causas e natureza perversa.

Expressão da vivência e da inteligência da fé cristã dos pobres, a Teologia da Libertação insiste em priorizar o dom da vida como manifestação suprema de Deus, sobretudo num contexto em que a opressão produz tantas formas de morte. Ela resiste também àqueles que pretendem esvaziar o dom teologal da esperança proclamando “o fim da história”, como se o futuro pudesse ser encarado como mera extensão do presente. Segundo João Paulo II na encíclica Laborem Exercens (n. 8), assegurar a fé cristã como boa-nova aos pobres é o sinal, por excelência, de fidelidade da Igreja a Jesus Cristo – critério suficiente para determinar quem se afasta ou aproxima da proposta evangélica.


Sou brasileiro e não desisto nunca, de me acomodar!
Enviado pelo autor, Americana–SP

 
Por Juliano Schiavo Sussi, 17 anos,
estudante de jornalismo
E-mail: jssjuliano@yahoo.com.br
 

27 abril, 2005

Sabe, quando comecei a ler a frase de nosso presidente eu estava quase sorrindo. Pensei que ele iria falar algo sensato e digno de um líder... Porém não foi bem assim...

Ele começava da seguinte forma: “Ele (o brasileiro) não levanta o traseiro do banco, ou da cadeira, para...”. Fiquei imaginando a continuação. Existem certos momentos em nossa vida que gostaríamos de ouvir uma determinada coisa, mas infelizmente nem sempre ouvimos o que queremos.

Pensei que ele se referia ao fato das pessoas não levantarem seus traseiros para resolverem problemas exclusivamente seus. Enganei-me. Não sei nem porque tinha esperança de ouvir algo sensato, pois nosso presidente, tão poético em suas metáforas, só consegue dar foras.

Sobre o fato do brasileiro ser acomodado Lula acertou. Isso é fato comprovado (não sei se é comprovado cientificamente, mas dá para se constatar). Tanto é que o nosso lema deveria ser: “Sou brasileiro e não desisto nunca, de me acomodar!”. Diante de vários problemas há uma certa preferência de grande parte do público verde-amarelo encostar seu traseiro e esperar pelo assistencialismo público.

Mas o xis da questão e o que realmente é um abuso de palavra por parte do nosso presidente é a continuação de sua frase: “...para buscar um banco mais barato. Reclama toda noite dos juros pagos e no dia seguinte não faz nada para mudar”.

Indago ao nosso presidente: por que obrigar 180 milhões de pessoas levantarem o traseiro atrás de juros mais baixos, se é mais fácil Vossa Excelência levantar o seu e mandar abaixar os juros?

Olhando por esse lado da moeda, a visão torna-se incômoda para o nosso crítico-“construtivo” Luis Inácio Lula da Silva, visto que ele terá que se desacomodar de seus aposentos, ferindo dessa forma o lema brasileiro “Sou brasileiro e não desisto nunca, de me acomodar!”.

É papel exclusivamente do brasileiro ser acomodado e não correr atrás de nenhum banco com juros mais baixos, pois na terra do samba, os juros saltitam e jogam confetes (feitos de papel-moeda) em um forno com labaredas famintas. Por menos acomodado que seja o brasileiro, por mais que ele procure um banco com juros menores, essa é uma batalha perdida, visto que a diferença, muitas vezes, é mínima. É aquele típico ditado: “Se correr o bicho pega. Se ficar o bicho come”. E come mesmo. Come o bolso já furado do brasileiro.


Aposentados, cuidado com a enganosa ilusão!
Enviado pelo autor, Blumenau-SC

 


Advogado e economista
E-mail: carlos@priess.com.br

 

6 abril, 2004

As telas de televisão trazem, a toda hora, abundante e farta propaganda de bancos antes totalmente desconhecidos. Todos garantem crédito rápido e pagamento garantido. Fazem empréstimos sem avalistas e até por telefone.

Claro, nada melhor para um banco, que fazer um empréstimo consignado, em folhas de pagamento, o que garante total liquidez, sem os riscos de outras operações. E esse tipo de empréstimo descontado na folha de pagamento, foi lançado pelo governo no ano passado e chegou aos aposentados.

Embora possamos ter também a ilusão de que os empréstimos aos aposentados e pensionistas possam ter trazido aquecimento e movimento na indústria e no comércio, entendemos que seja uma operação em que somente os bancos ganham.

A publicidade “garante” juros mais baixos, mas é preciso ter as contas na ponta do lápis ou a aposentadoria vai embora. Quando esse crédito foi lançado, primeiro os pensionistas do INSS usaram o dinheiro para pôr as contas em dia. Depois foram às compras e ajudaram a engordar o bom resultado das vendas nos últimos meses.

Para muitos poderá ser a solução imediata de alguns problemas, mas precisamos levar em conta que as aposentadorias, em sua imensa maioria, miseráveis, tais empréstimos, longe de equilibrar o orçamento, o compromisso compulsório com o banco obriga fatalmente que sejam encolhidos os gastos da casa.

O empréstimo é pago com desconto na aposentadoria, e o dinheiro que sobra vai parar nos caixas das farmácias, dos supermercados. É a necessidade de manter o consumo em tempo de renda apertada que tem levado milhões de aposentados a engrossar os números do mercado de crédito.

Têm-se notícias seguras que, desde maio do ano passado até esta data, quase dois milhões de aposentados e pensionistas tomaram emprestados quase R$ 5 bilhões com desconto em folha.

Historicamente bancos não perdem nunca, e agora com o sistema da Previdência a sua disposição, chegaram à conclusão de que emprestar para os aposentados é um excelente negócio. Disputam 14 instituições financeiras, que financiam quase sem risco.

E essa enganosa ilusão atinge especialmente àqueles tem a menor renda, e segundo os dados levantados pela Dataprev, a maior procura pelo crédito consignado é dos beneficiários que recebem até dois salários mínimos, os quais respondem por 55,6% do total das operações realizadas desde o lançamento da linha de crédito. Em termos monetários, esta parcela já levantou quase dois bilhões do total emprestado.

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Música de fundo em arquivo MIDI (experimental):
"Rua Ramalhete", de Tavito
Seqüência Midi: José Maria Jr.
Nota para a seqüência Midi: *****

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Belo Horizonte, 15 maio, 2005