FHC: o balanço de mais uma década perdida

Por Heraldo Leite, jornalista e articulista do Jornal dos Amigos

Não há conjuntura mais favorável para se mexer na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Embora o próprio governo tenha recuado e incluído as mudanças como moeda de troca na aprovação da CPMF, o trabalhador não teve ganhos significativos nos sete anos do Exmo. senhor Fernando Henrique Cardoso na Presidência. Acabou-se, é verdade, com a espiral inflacionária, mas a conta acabou no bolso do trabalhador. Por outro lado, os bancos nunca lucraram tanto como nos últimos anos.

A seguir, dados levantados pela "Oikos - Análise de Conjuntura", uma publicação do curso de Ciências Econômicas do Unicentro Newton Paiva, em sua edição de dezembro de 2001.

Sete anos de FHC
Balanço Trabalhista

Indicadores do IBGE 
1994 2001 %
       
Tempo médio para procura de emprego (semanas/outubro) 17,163 21,759 27
       
Desemprego aberto – sete dias (%, outubro) 4,53 6,558 45
       
Desemprego aberto – 30 dias (%, outubro) 4,854 7,126 47
       
População ocupada (outubro) 15.876.156 17.258.246 9
       
População empregada com carteira (outubro) 7.711.843 7.704.426 ZERO
       
População empregada sem carteira (outubro) 3.834.250 4.722.374 23
       
Conta própria (outubro) 3.475.291 3.980.787 15
       
Empregadores (outubro) 699.027 703.619 1
       
Desocupados (áreas metropolitanas, outubro) 752.979 1.205.920 60
       
População inativa > 15 anos 11.205.500 14.200.620 27
       
População residente > 15 anos 27.834.635 32.664.786
17

Rendimento médio*      
  1994 2001 %
Das pessoas ocupadas 685,29 784,35 7
Empregados com carteira 694,47 727,63 5
Empregados sem carteira 503,7 663,55 32
Conta própria 570 644,78 13
(*) valores em reais de setembro/2001, deflacionados pelo INPC

Como você pode notar, ao contrário do que prega alógica do governo (e alguns sindicalistas pelegos), quem não tem carteira assinada ganha menos do que aquele que tem a ventura de usufruí-la. Enquanto o rendimento médio de um sem-carteira era de R$ 663,55, o "encarteirado" recebeu R$ 727,63. Quer dizer, os tais encargos trabalhistas que encarecem a mão-de-obra não são repassados ao trabalhador. O que a maioria dos trabalhadores está 'careca de saber'. E se reclamar, os empregadores têm uma fila à disposição para fazer a troca (ou turnover, como preferem os tucanos adeptos da modernidade). E quem vem traz a disposição de trabalhar por menos ainda. Aquilo que o velho Karl Marx um dia chamou de "exército social de reserva".

Mas marxismos e sociologismos à parte, o aumento de 60% do número de desocupados nos últimos sete anos é de envergonhar qualquer aspirante a estadista.

Nunca é demais lembrarmos que os números fazem parte das estatísticas oficiais já que foram tabulados pelo IBGE. E, retificando, houve poucos e insignificantes avanços para a grande maioria que acreditou -e por duas vezes- nas promessas do sociólogo-poliglota.

Ao encerrar o trabalho, o professor Leonardo Camisassa Fernandes, um dos coordenadores do trabalho, chama a uma dura reflexão:

"Está em nossas mãos a nossa capacidade de mudança. Caso contrário, a continuar a apatia que assola o brasileiro, podemos afirmar, sem sombra de dúvida, que o ano de 2002 já acabou. Mesmo sem começar, infelizmente".


Os fracassos do governo FHC
em sete anos de Plano Real

Relatório enviado por Marcos Garcia Jansen, Belo Horizonte-MG
22 abril, 2002

O crescimento anual da economia foi, em média, de apenas 2,44%! A mesma média da década de 80.

A década de 80 foi considerada a “década perdida”. Como se chamariam esses 7 anos de Plano Real?

O Brasil era a oitava economia do mundo e a maior da América Latina. Depois de sete anos de FHC nós agora somos a décima economia do mundo. Em 2001, passamos a ser a segunda economia da América Latina. Perdemos a primeira posição para o México!

O BRASIL RETROCEDEU!

Veja o que aconteceu com nosso Produto Interno Bruto em dólares:

Evolução do PIB em dólares Plano Real


Fonte de dados primários. Boletim do Banco Central. 2001, projeção

Em 2001, voltamos a ter um PIB em dólar menor do que o que tínhamos em 1994!
O BRASIL RETROCEDEU!


Mas a dívida externa duplicou!

Dívida externa total brasileira de 1994 a 2001


Fonte de dados: Boletim do Banco Central. 2001, estimativa

Na década de 70 a ditadura militar também endividou o país, mas nossa economia duplicou, construímos uma grande infra-estrutura energética, de telecomunicações e de transportes. E o maior parque industrial do Terceiro Mundo, um dos maiores de todo o mundo!

Já o endividamento do Plano Real não construiu nada, levou ao desemprego, sucateou os serviços públicos, jogou o Brasil no racionamento de energia e paralisou nosso crescimento. E a dívida pública explodiu:

Dívida em títulos federais 1994-2001 - em bilhões de reais


Fonte de dados: Boletim do Banco Central. 2001, estimativa

Os que se dizem “fiscalmente responsáveis” foram os que mais endividaram o Governo Federal em toda a nossa história. E não para fazer obras e prestar melhores serviços, mas pagando os juros altos que mantiveram artificialmente o Real igual ao dólar. E quando a mentira da “moeda forte” acabou, fizeram o Tesouro assumir as perdas da desvalorização que eram das empresas.

O Brasil construiu o maior sistema de geração de energia elétrica hidráulica do mundo e também o de menor custo. Em sete anos, na tentativa de privatizar o setor, FHC paralisou os investimentos, esvaziou irresponsavelmente os reservatórios das represas para compensar a falta de novas hidrelétricas, lançando o país em um racionamento de energia que só existiu na Segunda Guerra Mundial!

Crescimento da geração e consumo de energia elétrica (1990=100)


Fonte: ONS - ANEEL

A taxa de desemprego aumentou: o número médio de desempregados nas 10 regiões metropolitanas, que era 824 mil no 2º semestre de 1994, passou para 1,253 milhão no 1º semestre deste ano. E o tempo que o trabalhador leva para conseguir um novo emprego, que era de 16 semanas em dezembro de 1994, em dezembro de 2001, é de 32 semanas!

Taxa de emprego e número de desempregados
nas 10 regiões metropolitanas



Fonte: IBGE

A distribuição de renda em nada mudou nesses 7 anos: a participação proporcional dos mais ricos e dos mais pobres na renda nacional ficou rigorosamente igual.

Em 1995/1999

  • 1% mais ricos (12,3/12,6)
  • 10% mais ricos (13,9/13,3)
  • 40% intermediários (39,8/40,0)
  • 50% mais pobres (47,9/47,4


E o número de brasileiros abaixo da linha da pobreza, os indigentes, não parou de crescer: eram 47,2 milhões em 1994, aumentando para 54,5 milhões em 1999.

Percentual de Brasileiros na linha de pobreza
(percentual da população total)



O Brasil realmente piorou!


A renda do trabalhador vem se reduzindo a quatro anos ininterruptamente:

Renda média do trabalhador na grande São Paulo
(Em Reais, corrigidos pelo IPCA)


Fonte: IBGE

O BRASIL REALMENTE RETROCEDEU!

Não podemos ser coniventes com uma política que não leva bem-estar para a sociedade. Faça sua parte! Divulgue esse relatório, debata com os seus amigos no local de trabalho, nas escolas, nas universidades. Ajude a construir uma sociedade mais justa! Temos uma oportunidade agora, nas eleições de outubro.


Nota do editor em 4 de setembro, 2004

Tivemos a oportunidade, mas fracassamos!!!

Ver Política


Música de fundo em arquivo MID (experimental):
"bananeira", de João Donato
Sequüência Midi: Marcos Borelli
Nota para a seqüência MIDI: ****
*

Participe do Jornal dos Amigos,
cada vez mais um jornal cidadão

O Jornal dos Amigos agradece a seus colaboradores e incentiva os leitores a enviarem textos, fotos ou ilustrações com sugestões de idéias, artigos, poesias, crônicas, amenidades, anedotas, receitas culinárias, casos interessantes, qualquer coisa que possa interessar os seus amigos. Escreva para o e-mail:

Se o conteúdo estiver de acordo com a linha editorial do jornal, será publicado.

Não esqueça de citar o seu nome, a cidade de origem e a fonte da informação.

Solicitamos a nossos colaboradores que, ao enviarem seus textos, retirem as "flechas", isto é, limpem os textos daquelas "sujeiras" de reenvio do e-mail. Isso facilita bastante para nós na diagramação.

Início da página


Belo Horizonte, 2 abril, 2002

Política