Bertolt Brecht (1898-1956)

Dramaturgo e poeta alemão. Revolucionou o teatro com peças que
visavam estimular o senso crítico e a consciência política do espectador

Fonte: Enciclopédia Britânica

Nome original: Eugen Berthold Friedrich Brecht

Brecht foi um dos nomes mais influentes do teatro do século 20, não só pela criação de uma obra excepcional, mas também pelas inovações teóricas e práticas que introduziu. Sua influência, no entanto, não se restringe ao teatro, pois Brecht foi igualmente importante pelas novidades técnicas de sua poesia.

Escritor e diretor de teatro alemão, Bertolt Brecht nasceu em Augsburg, Baviera, em 10 de fevereiro de 1898. Interrompeu o curso de medicina em Munique para servir como enfermeiro na primeira guerra mundial. Em 1924 mudou-se para Berlim, onde foi assistente dos diretores Max Reinhardt e Erwin Piscator. Fez-se socialista em 1929 e começou a elaborar sua teoria do "teatro épico". Em 1933, com a ascensão do nazismo, exilou-se sucessivamente na França, Dinamarca, Finlândia e Estados Unidos, onde permaneceu seis anos (1941-1947). Acusado de atividades antiamericanas, foi forçado a voltar para a Alemanha, fixando-se em Berlim oriental, onde criou sua própria companhia, o Berliner Ensemble, que produziu suas últimas peças.

Com sua teoria, que propunha uma representação épica, Brecht pretendeu opor-se ao "teatro dramático", que conduziria o espectador a uma ilusão da realidade, reduzindo-lhe a percepção crítica. O "efeito de distanciamento", sugerido por Brecht, visava estimular o senso crítico, tornando claros os artifícios da representação cênica e destacando conseqüentemente os valores ideológicos do texto.

Primeiras peças

A obra teatral de Brecht atravessou diversas fases, que se distribuem segundo os locais de permanência do autor e os traços estilísticos próprios. As peças mais conhecidas do primeiro período, quando ele ainda se encontrava na Baviera, são: Baal (1922), Trommeln in der Nacht (1922; Tambores na noite), Im Dickicht der Städte (1924; Na selva das cidades) e Leben Eduards des Zweiten von England (1923; Vida de Eduardo II da Inglaterra), adaptação de uma peça de Christopher Marlowe. Todas focalizam os conflitos do indivíduo em relação ao meio social.

O segundo período corresponde à primeira época berlinense. Duas peças se destacam como transição do expressionismo para um niilismo iconoclasta: Mann ist Mann (1927; Um homem é um homem) e Die Dreigroschenoper (1928; A ópera dos três vinténs). São comédias satíricas, em parte musicadas, nas quais a crítica à sociedade burguesa é mais anárquica do que na fase anterior. Die Dreigroschenoper, com música de Kurt Weill, colaborador constante de Brecht, é uma adaptação de The Beggar's Opera, de John Gay, e tornou Brecht internacionalmente conhecido.

Em 1930 surgiu Aufstieg und Fall der Stadt Mahagonny (Ascensão e queda da cidade de Mahagonny), também com música de Weill, que marcou a definitiva conversão de Brecht ao teatro político. Em Die Massnahme (1930; A medida), Brecht já é marxista, assim como em Die Heilige Johanna der Schlachthöfe (1930; A santa Joana dos matadouros), cujo cenário são os grandes frigoríficos de Chicago. Esse período compreende ainda breves peças didáticas, como Der Jasager, der Neinsager (1930; Aquele que diz sim e aquele que diz não), adaptação de um nô japonês, e Die Mutter (1933; A mãe), adaptação do romance homônimo de Gorki.

Obras do exílio

O terceiro período brechtiano é o do exílio e inclui as obras mais elaboradas e conhecidas do autor. São também as que melhor representam suas teorias do "teatro épico" e do "efeito do distanciamento" na representação. As peças mais conhecidas são: Furcht und Elend des Dritten Reiches (1935-1938; Terror e miséria do Terceiro Reich), seqüência de cenas realistas sobre a violência do nazismo; Die Gewehre der Frau Carrar (1937; Os fuzis da Sra. Carrar), sobre a guerra civil espanhola; Leben des Galilei (1937-1939; Vida de Galileu), em que Galileu é apresentado como uma espécie de anti-herói, numa parábola satírica da relação entre o indivíduo e a ordem social; Mutter Courage und ihre Kinder (1914; Mãe Coragem e seus filhos), parábola do papel da pequena-burguesia no meio de tempestades políticas, julgada por alguns a obra-prima de Brecht.

De 1938-1941 é Der Gute Mensch von Sezuan (1943; A boa alma de Se-tsuan), parábola das máscaras sociais do indivíduo; de 1940, Herr Puntila und sein Knecht Matti (1948; O Sr. Puntila e seu criado Matti); e de 1941, Der Aufhaltsame Aufstieg des Arturo Ui (A ascensão resistível de Arturo Ui), paródia contra o nazismo e a grande indústria, simbolizados pelos gangsters e pelos trustes de Chicago. Os períodos finais de Brecht, nos Estados Unidos e em Berlim, incluem somente uma grande peça, também uma parábola, Der Kaukasische Kreidekreis (1948; O círculo do giz caucasiano), sobre a Rússia feudal, e várias adaptações, entre as quais Die Antigone des Sophokles (1947-1948; A Antígona de Sófocles), sobre o texto da tradução de Hölderlin.

A poesia de Brecht, menos conhecida do que suas peças, mas não menos importante, está representada sobretudo por Die Hauspostille (1927; O livro de devoção caseira), de sua fase iconoclástica, com título ironicamente devoto, e pelas Svendborger Gedichte (1939; Poesias de Svendborg). O mais famoso poema de sua primeira fase é o autobiográfico "Vom armen B.B." ("Do pobre B.B."). Brecht como poeta é anti-sentimental, de tom didático e dificilmente traduzível. Mais acessível é sua obra teórica, na qual se destaca o Kleines Organon für das Theater (1949; Pequeno instrumental para o teatro), cuja influência perdurou por várias décadas.

Bertolt Brecht morreu em Berlim, em 14 de agosto de 1956.


Música de fundo em arquivo MID (experimental):
"Travessia", de Milton Nascimento e Fernando Brandt
Seqüência Midi: Hiram Araújo Filho
Nota para a seqüencia Midi: *****

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Belo Horizonte, 18 abril, 2007

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